Chegada a Terra da Rainha

No capítulo anterior... to de sacanagem, não é assim que se recomeça...

Como disse anteriormente, os intercambistas antes de se lançarem a sua jornada, preenchem um formulário, filtrando suas possíveis famílias, o que infelizmente, mais pra frente eu vi que esse filtro de nada servia.. Tinha botado que não queria animais em casa, bichos de estimação em geral, pois tinha achado na maldita internet que os britânicos tinham mania de ter iguanas, cobras e derivados em casa e também havia pedido uma família com crianças.Acontece que , quando recebi uma carta com as informações sobre a host family, lá veio escrito que eu estava indo para a  casa de uma POLONESA, que não tinha filhos, mas que gostava de esquiar, como se isso fosse importante, e de velejar..Nessa carta ainda vinha escrito que ela gostava de fazer amigos e tal, e mais um montão de coisas inúteis..

Depois dessa decepção, eu pensei : " Poxa, apesar dela morar sozinha, ela pode ser enxuta, deve ser rica, afinal ela é uma moradora estrangeira no país da moeda mais cara do Planeta, e também a Inglaterra não deve ter gente pobre, casas feias , deve ter tudo do bom e do melhor".Enfim, tentei pensar positivo, mesmo que isso fosse de encontro ao meu jeito de ser , afinal sou botafoguense...

Poucos dias depois havia chegado o dia da minha despedida do Brasil, e do começo do que foi até então a maior aventura da minha vida. Foi um dia meio que estranho pra mim, até porque sempre me consideirei forte e tal, sempre achei que ia levar na boa esse lance de ter que me virar sozinho, que ia aguentar tranquilo ficar sem minha família.

Até a chegada no aeroporto, eu ainda estava tranquilão,acho que só eu mesmo.Minha irmã e meu pai estavam com a cara de bunda típica de quem estavam se segurando, minha mãe tava unindo forças para não ir aos prantos, apesar de já ter iniciado o processo desde o dia em que pagou o intercâmbio, e a minha avó...eu não sei o que ela estava pensando..

No Hall do embarque , foi aquela choradeira , tanto minha quanto dos meus pais, irmã e avó, e eu fui aos soluços apresentar meu passaporte e começar a viagem.Por sorte minha, logo após esse momento deprê , lá dentro eu esbarrei com um camarada com a camisa da compania de intercambio, um narigudo com cara de maluco, mas que tava indo para o mesmo lugar que eu, e que viria a se tornar um amigão meu, e foi ele que inclusive me ajudou muito mesmo na adaptação a vida no Reino Unido.Quando o avião saiu do ar, eu senti uma solidão, pela primeira vez estava, eu por eu mesmo, sem ninguém para interceder por mim..Eu estava rumando ao desconhecido, estava pensando em um monte de besteira, que cada vez mais me deixava bolado e triste, até que eu resolvi começar a pegar todos os vinhos e Heinnekens servidos no avião..Por incrível que pareça, o meu voo de 12 horas passou rapidinho.. HAHA

Meu voo fez uma escala em Paris, onde de lá , partiria direto para o Aeroporto de Manchester, local onde , posteriormente, meio que se tornaria minha casa. Vocês agora devem estar se perguntando o porque disso?Mais pra frente vocês vão entender o motivo..

Cheguei a Inglaterra em um sábado ensolarado, porém , não menos frio, com ventos que cortavam a cara. Para variar, eu e meu amigo, fomos chamados pela segurança para uma revista mais complexa, onde abriram nossa mala e desarrumaram tudo.Eu juro que por essa eu já esperava, afinal, eu por ser moreno pareço um terrorista, e o meu amigo mais parece um psicopata! Ao sair da revista, um senhor que era da Venezuela , veio em nome da escola de inglês , nos fazer o transfer, deixando cada um de nós em casa..

O Seu Venezuelano me deixou na porta de casa, onde fui recebido pelo motivo maior das minhas rezas, para que fosse gostosa, que fosse rica e que tivesse um casa gigantescaaa! Mas acontece, que nem tudo foi como o planejado, alías, nada foi! A mulher era gorda , com um sotaque polonês fortísssimo, talvez maior que o meu, e pra variar , tinha a PORRA de um gato, o tal do "Silveeerrrr"! Era assim que ela chamava o Silver, cantando e forçando o "rrrrr", o que com o tempo passou a me irritar muito!

A casa da Eva, a polonesa, era pequena, talvez 1/4 da minha casa, e bem suja.O que era diferente era o meu quarto , que mais parecia um quarto de princesa do que pra um estudando homem do Brasil! Até boneca tinha naquela cama!! Ela ao me receber, me pediu para me acomodar, e que para que descesse para fazer o famoso snack, ou seja, comer alguma coisa.Pedi a ela pra poder usar o internet, pois como conheço meus pais eles deveriam estar mortos de preocupação, e adivinha o que ela me respondeu? A internet não estava funcionando!

Após as "boas vindas", ela me chamou para fazer um tour por Manchester, onde ela me mostrou o Centro da Cidade, e por pedido meu, o estádio do Manchester United, que fica no bairro de Trafford, daí vem seu nome, Old Trafford. Depois do  "city tour", nós voltamos para sua humilde casa, e eu falei pra ela que tava morto por causa da viagem, e que precisava descansar urgentemente.. Fui para meu quarto "fru-fru" e apaguei!

No dia seguinte iria começar as minhas aulas, as 8h da manhã, e precavido e exagerado como sou , acordei as 6 para achar uma maneira de chegar a escola.. Só o que eu sabia é que a linha 86 que passava por uma rua , a Charlton Road, que ficava uns 15 minutos a pé da onde era a casa da maldita da polonesa.

Levei uma hora pra achar o ponto naquela porcaria do Não sei o que Road.. Entrei pela primeira vez no famoso ônibus de dois andares inglês, e para minha surpresa, esse bus só tem uma porta, da onde se entre e se sai, e a passagem se compra diretamente com o motorista.Disse a seguinte frase, que para mim era simples, afinal fazia inglês desde os 7 anos :" How much is the ticket Sir?" , o cara olhou pra mim:" Sorry, I don´t understand you".Repeti a frase umas 5 vezes, e nada, até que fiz o sinalzinho esfregando o "maior de todos " no polegar, aí ele me entendeu!

Não era que eu não soubesse falar inglês, era que para ele meu sotaque era muito forte, ao ponto dele não me entender. Acontece, que isso , eu só fui entender mais tarde, e na hora, eu fiquei realmente desesperado! Até eu chegar na escola internacional de Inglês, que era a Kaplan International Schools , levei mais uma hora , pois soltei no ponto final que era o Picadilly, e saí imediatamente procurando a tal rua da escola.Procurei muito até achar a tal da  Portland Street, onde rodei um tempãão, até que descobri, que era no primeiro prédio da rua, graças a ajuda de um paciente britânico, que conseguiu me entender depois de eu ter mostrado o papelzinho com o endereço! HAHA

Kaplan se localizava no sexto andar, encima de um, coincidência ou não, consulado de Portugal. Cheguei lá e fui imediatamente recebido por um inglês que incrivelmente conseguia me entender, e ria até das piadinhas que eu falava, o seu nome era Tobias. Acontece, que não se fala Tobias, e sim "Tobaias"! HAHA

Graças o que viria a ser meu amigão inglês, o "Tobais", eu fui direcionado para fazer uma bateria de testes de nivelamento, que foi onde conheci duas grandes amigas brasileiras, Marina e Juliana, uma do Rio, como eu , e outra adivinha? Do PARÁ!!! Me desculpe os paraenses, mas eu me impressionei porquê nunca havia conhecido ninguém do Pará antes, e fui conhecer logo no meu intercâmbio? HAHA! Não só elas, conheci também nesse dia o Anh("Amm") , que até o hoje não sei como se escreve, que é da Tailândia, meu amigão hoje , o Es Lee, da Coréia, e uns outros lá, entre os quais , se incluem um holandês, uns árabes e outros que realmente não me lembro o nome...


Quem chegou até aqui, espero que tenha gostado, e até a próximo post com a continuação!